domingo, 7 de dezembro de 2008

Mestre Pastinha

Vicente Ferreira Pastinha
Mestre Pastinha(1889–1981)


Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 5 de abril de 1889 em Salvador-Bahia. Mulato claro de estatura mediana, magro, de temperamento gentil e acolhedor, bem-humorado, reuniu ao seu redor um grande numero de excelentes capoeiristas, nem tanto por ser jogador excepcional, mas pela força de sua personalidade, seus dotes de filosofo e poeta, seu amor e conhecimento dos fundamentos da capoeira angola. Filho do espanhol José Senhor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana.




Diz-se que Pastinha aprendeu capoeira ainda menino com um negro de Angola chamado Benedito que presenciou as surras que constantemente tomava de um menino mais velho. Mestre Benedito o chamou e disse: "O tempo que você perde empinando raia, vem aqui no meu cazua que vou lhe ensinar coisa de muito valia". Existem outras versões que dizem que Pastinha aprendeu capoeira bem tarde, já homem maduro.



A principio mestre Pastinha ensinava capoeira para os colegas da Marinha, onde ingressou aos 12 anos. Depois que saiu, aos 20 anos, abriu sua primeira escola de capoeira na sede de uma oficina de ciclistas. Alem de capoeirista, mestre Pastinha, era pintor; chegando a dar aula de pintura de quadros a óleo. Em 1941 fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola no casarão número 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de capoeira.



Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Pastinha e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração de Pastinha. Para Pastinha, a capoeira de Angola se diferencia da Capoeira Regional por não ter método, ser sagrada e “maliciosa”. Pastinha não aceitava a "mistura" feita por mestre Bimba, que incorporou a capoeira movimentos de outras lutas.



Pastinha dedicou sua vida a capoeira angola, tornando-se um dos estandartes da cultura afro-brasileira. Faleceu em 14 de novembro de 1981, aos 92 anos de idade, cego havia 18, abandonado pelos órgãos públicos e pela maioria de seus antigos alunos.



Frases e pensamentos de pastinha


1- O capoeirista deve ser calmo, nada de afobação, a tranqüilidade permite que o capoeira se defenda ou ataque com mais sabedoria e malandragem.

2- O capoeirista deve ser leal, tem que respeitar seus colegas e ter uma obediência quase cega às regras da capoeira.

3- Ninguém pode mostrar tudo o que tem. As entregas e revelações têm que ser feitas aos poucos. Isso serve na capoeira, na família, na vida. Há segredos que não podem ser revelados a todas as pessoas. “Há momentos que não podem ser divididos”.

4- Não se pode esquecer o berimbau. Berimbau é o primitivo mestre. Ensina pelo som. Dá vibração e ginga ao corpo da gente. O conjunto de percussão com o berimbau não é arranjo moderno não, é coisa de princípios. Bom capoeirista além de jogar deve saber tocar berimbau e cantar.

5-"Angola, capoeira mãe. Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método, seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista”.

6- Capoeira é mandinga, é manha, é malícia, é tudo que a boca come... Pratico a verdadeira capoeira angola e aqui os homens aprendem a ser leais e justos. A lei de angola que herdei de meus avós é a lei da lealdade. A capoeira angola, a que aprendi, não deixei mudar aqui na academia. Os meus discípulos zelam por mim. Os olhos deles agora são os meus.




"Angola, Capoeira Mãe!
É mandinga de escravo em ânsia de liberdade.
Seu princípio não tem método,
Seu fim é inconcebível ao mais sábio dos mestres."
(definição de Pastinha ao jogo de capoeira)







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