segunda-feira, 27 de abril de 2009

Maculelê






O Maculelê é uma dança, um jogo de bastões remanescente dos antigos índios cucumbis. É o maculelê. Esta "dança de porrete" tem origem Afro-indígena, pois foi trazida pelos negros da África para cá e aqui foi mesclada com alguma coisa da cultura dos índios que aqui já viviam.



A característica principal desta dança é a batida dos porretes uns contra os outros em determinados trechos da música que é cantada acompanhada pela forte batida do atabaque. Esta batida é feita quando, no final de cada frase da música os dois dançarinos cruzam os porretes batendo-os dois a dois. Os passos da dança se assemelham muito aos do frevo pernambucano, são saltos, agachamentos, cruzadas de pernas, etc. As batidas não cobrem apenas os intervalos do canto, elas dão ritmo fundamental para a execução de muitos trejeitos de corpo dos dançarinos. O maculelê tem muitos traços marcados que se assemelham a outras danças tradicionais do Brasil como o Moçambique de São Paulo, a Cana-verde de Vassouras-RJ, o Bate-pau de Mato Grosso, o Tudundun do Pará, o Frevo de Pernambuco, etc.





Se formos olhar pelo lado do conceito de que maculelê é a dança do canavial, teremos um outro conceito que diria ser esta uma dança que os escravos praticavam no meio dos canaviais, com cepos de cana nas mãos para extravasar todo o ódio que sentiam pelas atrocidades dos feitores. Eles diziam que era dança, mas na verdade era mais uma forma de luta contra os horrores da escravidão e do cativeiro. Os cepos de cana substituíam as armas que eles não podiam ter e/ou pedaços de pau que por ventura não encontrassem na hora. Enquanto "brincavam" com os cepos de cana no meio do canavial, os negros cantavam músicas que evidenciavam o ódio. Porém, eles as cantavam nos dialetos que troxeram da África para que os feitores não entendessem o sentido das palavras. Assim como a "brincadeira de Angola" camuflou a periculosidade dos movimentos da capoeira, a dança do maculelê também era uma maneira de esconder os perigos das porretadas desta dança.



Uma outra versão diz que para se safarem das chibatadas dos feitores e capatazes dos engenhos, os negros dos canaviais se defendiam com pedaços de pau e facões. Aos golpes e investidas dos feitores contra os negros, estes se defendiam com largas cruzadas de pernas e fortes porretadas que atingiam principalmente a cabeça ou as pernas dos feitores de acordo com o abaixar e levantar do negro com os porretes em punho. Além desta defesa, os negros pulavam de um lado pro outro dificultando o assédio do feitor . Para as lutas travadas durante o dia, os negros treinavam durante a noite nos terreiros das senzalas com paus em chama que retiravam das fogueiras, trazendo ainda mais perigo para o agressor.



Atualmente a dança do maculelê é muito praticada para ser admirada. É parte certa na apresentação de grupos de capoeira e em eventos realizados como formaturas, encontros, batizados, etc. É fundamental se preservar a dança do maculelê, ensiná-la com destreza e capacidade aos alunos para que eles possam eventualmente fazer belas apresentações. É maravilhoso podermos ver um Maculelê bem feito, dançado por belas garotas vestidas a caráter ou por rapazes negros, fortes e raçudos.





O maculelê pode ser feito com porretes de pau, facões ou facas, mas, alguns grupos praticam o maculelê com tochas de fogo ou "tições" retirados na hora de uma fogueira que também fica no meio da roda junto com os dançarinos. É um espetáculo perigoso, pois corre-se o risco de se queimar. Porém, é uma das coisas mais bonitas de se ver.


















domingo, 26 de abril de 2009

Samba de Roda







O Samba de Roda, como o próprio nome diz, se caracteriza por uma roda em que as mulheres, e também os homens, começam a sambar de tal forma, que todos os capoeiristas presentes acabam entrando no samba. As rodas são sempre animadas e cheias de alto astral e nelas, as mulheres mostram toda sua sensualidade de uma maneira graciosa. Geralmente, o Samba de roda começa após o encerramento das rodas de capoeira gerando a descontração de todos.
Na Bahia, o Samba de Roda é feito em diversos lugares e ocasiões, porém, são muito comentadas aquelas que acontecem nas festas de largo de Salvador. Em alguns terreiros de samba de candomblé como o da Mãe Alice (na Bahia), o Samba de Roda pode ser visto e apreciado na sua forma mais tradicional. As famosas baianas da Mãe Alice como Nita, Edinha, Marinalva, Joselita, entre outras, fizeram parte da chamada TURMA DE BIMBA, nos anos 50 e 60.






Curiosidades:



A orquestra do samba de roda é composta por pandeiro, violão, chocalho e prato de cozinha arranhado por uma faca.


Samba é uma palavra provavelmente procedente do quimbundo semba e significa umbigda, empregada para designar uma dança de roda popular no Brasil. Músicas essas dançadas pelos escravos e que desenvolveram-se-se em uma área que vai desde o Maranhão até São Paulo. Receberam, em cada Estado brasileiro, um nome diferente e um jeito diferente de ser tocadas. Dos nomes e das ramificações desse ritmo africano temos hoje o tambor de crioula no Maranhão; o bambelô no Rio Grande do Norte; o coco, o milindo, o piaui e o samba no Ceará e na Paraíba; o coco de parelha trocada, o coco solto, o troca parelha ou coco trocado, o virado e o coco em fileira em Pernambuco; o samba de roda e o batebaú na Bahia; o jongo, o samba-lenço, o samba-rural e o samba de roda em São Paulo; o caxambú, o jongo, o samba e o partido alto no Rio. Desde 1870, o cruzamento de influências entre o lundu (origem africana), a polca, a habanera, o maxixe e o tango começou a produzir um tipo de música que tendia ritmicamente para o samba. Há muitas variantes de samba por todo o Brasil. O samba paulista é famoso pela dança de solista em centro de roda e tem como instrumentos as violas, os adufes, os pandeiros. No Rio de Janeiro o samba era inicialmente dança de roda entre os habitantes dos morros. Foi daí que nasceu o samba urbano carioca, espalhado hoje por todo o Brasil, e que tem como instrumentos padrão o tamborim, o violão, o pandeiro, o cavaquinho, a cuíca, o surdo, as caixas etc.











Fonte: http://www.portalcaoeira.com/